Un taxi haïtien

Oui, j'aime les soirées mais j'aime bien dormir aussi...

Fui aconselhada a ir em uma balada francesa. Tá, eu topo! Em São Paulo eu só tenho ido a baladas rock'n'roll ou GLSBTTTXYZ, mas na França vale tudo e mais um pouco. Tenho uma amiga que mora em Porte de Clignancourt (banlieu de Paris = periferia), porém, para quem é da ZL, ça va. Lá fui eu, sozinha, sem portable ou mesmo números de telefone anotados (baaad idea) e, ah!, sem o endereço também. Ela me esperava com crêpes e vinho para esquentar a soirée. 1 hora e 15 min. de metrô depois, desci da gare e logo comecei a perguntar pelo CROUS, o prédio da residência universitária. Muitos árabes, argelinos e bangladeshenses no caminho, resolvi perguntar justo pras duas mocinhas que estavam dando sopa ali na esquina. Disseram pra pegar o caminho xis e quando me virei pra fazer exatamente o contrário do que me indicaram (sotaque dificil, pô!), eis que encontro as meninas, quase mortas de preocupação, e me perguntaram o que é que eu estava fazendo ali na esquina dando mole pras putas. No elevador, um espanhol e um marroquino très sympas nos mandaram "beijinhos" (em bom português) enquanto corríamos para pegar uma saia pra eu vestir e chegar na balada antes da minuit (VIP!). Detalhe: me sinto tão brasileira de jeans perto dessas francesas mega produzidas que tive de comprar uma roupinha num solde da Zara pra poder fazer aparições mais glamurosas em público, sempre com a calça térmica porque me recuso a passar frio e jamais uso high heels pra bater pernas, né. Enfim, ah, sim, o taxista. Eis que fomos para a Mix Club, a balada que é o encontrão oficial dos intercambistas e, como não podia faltar, cheia de franceses curiosos. Cada um recebe uma bandeira autocolante do seu país de origem, mas não pegamos nenhuma porque as do Brasil sempre acabam logo (e eu ja contei todos os motivos do meu atrasinho brasileiro). Pois é, tudo muito bacana - apesar do mal cheiro - entretanto, depois de tantas Furgies, Lady Gagas e Beyoncés, fiquei entediada e resolvi voltar. Só faltava aprender o caminho, então imediatamente saquei o meu Paris poche e tentei enxergar alguma coisa. Não me faltou ajuda e eu até gostei de ser confundida com italiana. Bom, aurevoir les filles! e fui à captura de um taxi, era a melhor solução. O primeiro me achou russa, perguntou com uma tag question como quem quisesse saber se chove em São Petersburgo. O segundo também não sabia onde era meu hotelzinho, mas ativou seu superGPS e lá fomos nós! Tive de puxar conversa para ouvi-lo falar e desconfiei que ele não fosse francês, o que me interessou ainda mais (em geral, a mão de obra é estrangeira). Ele me revelou sua origem - Haiti - e ao pensar nas imagens catastróficas do terremoto, eu quase puder entender sua tristeza. Sempre achei dificil lidar com a tristeza, sobretudo estrangeira, porém essa, em especial, não haveria palavra que consolasse. Quase chegando, enquanto contava minhas moedas para separar uma gorjeta, lhe revelei ser brasileira. Ele quase ameaçou um sorriso e disse ter sido um grande prazer me conduzir. Foi a primeira noite em Paris em que consegui dormir 5 horas seguidas.

Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

noite-dia

E agora?