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noite-dia

  “Escreva, escreva”. Era o som que ecoava na madrugada. No meio da noite fez-se dia. Na escuridão, a claridade da mente, inconstante, latente. Os anseios da vida pulsando. Os medos, os receios. “Pense menos, sinta mais”. E tudo o que sentia era angústia. Qual o sentido da vida, afinal? Já viu tudo e não sabia nada. Quisera ser só poesia no fim do dia, no meio da noite, noite-dia.

E agora?

Não é sobre José   Mas o que restou do que passou? Se sentiu dor ou teve fé Não é sobre José  O passado presente atrás da gente  A vida piscando e a veia pulsando  Se desistiu e levantou  O que sobrou e o que é? O futuro logo ali na frente  A luz surgindo e o sol emergindo  Se viveu e não sentiu Como vai parar em pé? A festa acabou, a luz apagou E agora, José?

Dele e dela

Das surpresas e desencontros Dos afetos e desencantos  Do amor que engana Da paixão que emociona  Da carne, pele; pelo Do arrepio, assovio, seio Da vida e seus devaneios Da morte e seus anseios Das aventuras e descobertas Dos dessabores e portas abertas Do choro contido Do riso sem fim Assim, enfim, eram Ela e ele  Dele e dela 

Movimenta mente

Move-se lentamente na areia Cai, levanta, corre Move-se calmamente entre as ondas Água, conchas, sal Sentia sol e vento O calor da Terra em movimento Move-se cuidadosamente pelas pedras Senta, inspira, solta Move-se sorrateiramente entre as árvores Folhas, terra, ar Sorria paz e medo A leveza da vida acontecendo Aceita o presente Agradece, vive Tanta vida pela frente!

Sabedoria de bolso

É preciso coragem pra desistir  deixar de resistir assumir quem se é e até onde se pode ir. É preciso coragem pra deixar ir chorar ao invés de sorrir olhar para si e perceber que precisa partir.

Fragmento cotidiano

Pra onde vai o que nunca foi? – pensava entre um gole e outro. Tentou juntar os pedaços, fragmentados, e não conseguiu uma peça sequer. O vazio tomou conta de suas veias, quase esvaziando o sentido da vida. Piscou lentamente, respirou. “Queria tanto aprender a leveza”, lembrou enquanto recuperava o sentido. Sentidos esvaídos voltaram com peso. Aquela sensação de estar inacabada. Questionava seu rumo. Procurava respostas em diários esquecidos. Revirava o quarto, as lembranças, a memória. Num instante de lágrima, desvaneceu nos devaneios adormecidos. Acorda! – interrompeu o relógio. Guardou os pensamentos e fez o café. Sem tempo para um suspiro. Mais um fragmento para a coleção.

mea-culpa

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Peço minhas mais sinceras desculpas. Desculpa pela intolerância, pelo preconceito, pela segregação. Desculpa por nossa sociedade não ter evoluído, por achar que somos diferentes e por não aceitar as diferenças. Desculpa por rir de piadas que passam do tom e humilham vocês e por compará-los com “animaizinhos”, por estereotipá-los. Desculpa por ser covarde, por não lutar por vocês, por não combater o preconceito todos os dias, como deveria ser. Hoje só sinto vergonha. Vergonha por fazer parte de uma sociedade que tolera e propaga a violência contra vocês. Vergonha por viver em um mundo onde o discurso de ódio impera, a religião legitima mortes e vocês precisam se esconder. Tenho vergonha de ser classificada como “heterossexual” e receber alguma vantagem por isso (assim como recebo por ser branca, ou de classe média), vergonha de conhecer pessoas que se orgulham por ser hétero e de me enquadrar em grupos com essa mesma ideologia. Ontem foram 50 em Orlando, mas quantos não fora