Chuva em Jorge Amado
Proust e Flaubert não conheceram a Bahia. Talvez por isso eles tenham sido escolhidos para me acompanhar. Férias na terra do axé me lembram Bandeira em Pasárgada. Acarajé, tapioca, creme de cupuaçu, suco de cajá, doce de banana da terra, capeta, casquinha de siri, moqueca, picolés. Uma nova fonética se abre aos ouvidos; tentações ao paladar. E de que valem Proust e Flaubert na terra de Jorge Amado? Espera-se um tempo de sol, bonito, aberto, feliz. No entanto, a tristeza consegue contagiar até mesmo a Bahia. Foi trazida pelos franceses. Ainda assim, encontra-se um aconchego no Restaurante Gabriela, em frente ao Bar do Vesúvio, entre o mar e a catedral. No país do carnaval, na Bahia de todos os santos e tantas Gabrielas, Tietas, flores, tantos sertões, maridos, orixás, um poeta abre as portas de sua casa para receber os passantes. Fugidos da chuva, escondem-se sob o teto amarelo e descobrem na Bahia um pedacinho de cultura. Cultura do povo, proveniente da sorte. Sorte trazida pelo acaso baiano. Acaso que levou Jorge Amado à Zélia Gattai, Proust e Flaubert à Bahia, chuva à terra dos capitães de areia e da capoeira.
Querida,
ResponderExcluirO céu é finito porque nossos olhos humanos são limitados. Entretanto, isso não nos impede de amá-lo; você o faz com uma sensível devoção.
Beijões encantados com sua poesia.