Eu, lua

Mais uma despedida dolorosa. Ele, no ônibus:

E dessa vez ela nem estava tão cheia como nos verdadeiros romances, mas mesmo assim tirou-me o sono e me fez acompanhá-la por toda a noite, que não era clara e sim cheia de nuvens, o que a deixava invisível por algum tempo, mas um mero feixe de luz que aparecesse alimentava uma enorme esperança dentro de mim e me dava forças para esperá-la. Mesmo que tivesse de ver o sol por dois meses, eu sabia que de algum jeito ela voltaria, minguante, cheia, mas me assustava o fato de existir a possibilidade do seu retorno como “nova”, não me deixando vê-la novamente, e seu possível desaparecimento acabaria com meu céu. Então ela finalmente voltou, dessa vez com um algo a mais, e eu sentia que essa noite de lua cheia poderia durar pra sempre, mesmo em tempos nublados. Essa lua desperta meus melhores sonhos e minhas melhores qualidades, me faz ser cauteloso e pensativo, é com ela que eu cresço e me fortaleço e agora eu sei que aqui, em Paris ou em qualquer lugar do mundo, ela é a mesma. Hoje ela não desaparece mais, mas infelizmente, nem sempre tenho o céu livre pra vê-la, porém toda vez que posso, corro pra janela e fico olhando sua luz, que não deixa de brilhar mesmo distante ou durante o dia. A lua de todos pode até inspirar as pessoas, mas nada substitui a nossa lua própria, a lua que fica em nosso céu particular, onde cabem apenas as estrelas e os astros que realmente importam, e esse céu finito pode ser modificado, somado e subtraído a outros céus sempre que quisermos, e quando juntamos dois destes, as possibilidades se duplicam e as chances de nossos sonhos se tornarem realidade crescem mesmo que existam nuvens em nosso caminho. Céus finitos criam coisas infinitas e são muito mais inspiradores.

Para um céu infinito com Danilo Blanco.

Comentários

  1. A lua de fora brilha dentro de nós.
    E às vezes, em céus como este... E a de fora é quase um reflexo da nossa, particular, de dentro.
    Esses momentos são únicos, mesmo.

    Beijo, Camis.
    ;-)

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  2. momentos em que as minhas lagrimas não são suficientes...

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