títulos ao ar

O branco da neve no topo dos Alpes se confunde com as nuvens. Tão perto e tão distante. É preciso estar no alto para perceber que eles nem ao menos se tocam, embora, sob alguns ângulos, pareçam ser um só. Branco. O sol que reflete na neve a deixa mais luminosa, viva, acesa. O sol consegue o fogo da neve, enquanto as nuvens ficam ofuscadas, turvas, fazem o papel de sombra do sol. Elas devem achar injusto ter de dividir o branco da neve com ele e correr o risco de perder essa proximidade tão distante que há entre eles. Porém, as nuvens precisam do sol, afinal sem ele não haveria sombra e é essa sombra que permite conservar o brilho do sol só para a neve, lá no topo, logo ali. Apesar disso, ela não derrete; é gelo, pedra. Derreter seria voltar ao seu estado inicial, regredir. Isso é tudo o que a neve não quer, pois agora que ela conseguiu chegar ao topo e ver o sol por si mesma, usufruir de sua luz e tornar-se parte dela, ela não pode simplesmente escorrer montanha abaixo, esse percurso ela já conhece. Assim, ela se mantém neve, gelo, fria, para brilhar com o sol e perder-se com as nuvens.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

noite-dia

E agora?